Vozes de trovão




Um é gaúcho de Santana do Livramento. O outro é de Kingsland, Nashville, EUA. O brasileiro nasceu em 1919 e morreu em 1998, com 78 anos. O cowboy nasceu em 1932 e morreu em 2003, aos 71 anos. Trata-se de Nelson Gonçalves e Johnny Cash. A voz grave, problemas com drogas, superação e capacidade de se renovar são características em comum entre esses dois grandes nomes da música.
Muitos assimilam Nelson Gonçalves apenas ao boêmio que voltou às noitadas, mas na verdade Nelson, assim como Cash, foi ao inferno e voltou. Foi preso com cocaína em 1965, quando passou um ano na prisão. Neste mesmo ano Cash teve problemas com a lei. Um esquadrão antinarcóticos em El Paso, Texas, o pegou em flagrante. Os oficiais pensavam que ele trazia heroína do México, mas na verdade eram apenas anfetaminas, escondidas na caixa de seu violão.
A vida de Nelson é recheada de histórias e aventuras, confirmadas por uns e desmentidas por outros. Exímio lutador de boxe, surrou um dos maiores malandros da época: Miguelzinho Camisa Preta. Vivia nas zonas e nos prostíbulos da Lapa, em São Paulo, onde foi cafetão, ou como se dizia na época “proxeneta”.
Para quem achava que aquele velhinho que cantava “Boooooooeeeemiaaa”, era apenas senhor careta tocado em bailes de terceira idade, saiba que Nelsão é mais rock and roll que muita bandinha sem sal da cena atual. E as semelhanças com Cash não param por aí. Ambos não pararam no tempo. Já no fim da vida, ambos gravaram músicas de novos artistas. Cash gravou Soundgarden, Bob Marley – Nelson gravou Legião Urbana, Kid Abelha.
Ícones do rock também gravaram músicas imortalizadas por Nelson. Marcelo Nova regravou “Negue”, com uma letra que caiu muito bem na versão mais pesada.
Vida longa a Nelson, vida longa a Cash!